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Vacina e medicamento para a varíola dos macacos são aprovados pela Anvisa, entenda melhor


*Image by jcomp on Freepik

A varíola dos macacos (ou monkeypox) é uma doença causada pelo Monkeypox vírus, que, apesar do nome, não tem origem e não é transmitida por macacos. A doença leva este nome pois, ainda que se acredite que os reservatórios sejam roedores, foi em macacos que ela foi identificada recentemente.

As principais formas de contagio são por meio do contato com gotículas respiratórias ou secreções (como fluidos corporais, durante relação sexual) de pessoa infectada pelo vírus monkeypox, ou objetos contaminados com o vírus. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a ingestão de carne mal cozida de animais infectados também é um possível fator de risco.

Os sintomas podem aparecer entre o 5º e 13º dia após a infecção, e na maioria das vezes são semelhantes aos da gripe: febre, dores de cabeça, musculares, no corpo e nas costas, fraqueza profunda e linfonodos inchados, sendo necessário exame para confirmar ou descartar a doença. Em sequência surgem pústulas (bolhas) na pele, geralmente, primeiro no rosto e depois no restante do corpo, que duram cerca de 2 a 4 semanas.


Curiosidades

A varíola humana foi uma doença grave que assombrou a humanidade por séculos, pois era altamente letal e muito transmissível. Em 1796, o médico britânico Edward Jenner desenvolveu a primeira vacina a ser apresentada ao mundo, a vacina contra a varíola. No Brasil, a vacinação de crianças e adultos era obrigatória em 1846, porém, devido à baixa produção de vacinas, essa obrigatoriedade não era de fato cumprida. Quando em 1884 a escala comercial de produção foi alcançada, para tornar a vacinação obrigatória de fato, um novo projeto de lei foi aprovado na Câmara, sendo regulamentada em novembro do mesmo ano.

Com a obrigatoriedade da vacinação, iniciou-se uma estranheza e uma rejeição à nova lei e à vacina, que na época foi usada pelos republicanos como pretexto contra o presidente Rodrigues Alves. Após um encontro no Centro das Classes Operárias, em 1904, liderado pelo senador republicano Lauro Sodré, foi criada a Liga Contra Vacina Obrigatória, e então iniciou-se a chamada Revolta da Vacina.


Oswaldo Cruz, diretor geral de saúde pública na época, defendia que em diversos países da Europa a vacina havia sido aplicada e tinha salvado vidas. Porém, por falta de informação e por não entender a ciência por trás da vacina, as pessoas acreditavam em diversos boatos que circulavam na época, como, por ser feita a partir do vírus causador da varíola bovina (vírus vaccínia), quem tomasse o imunizante passaria a se parecer com um boi.

Na imagem, Jenner está vacinando pessoas e características bovinas surgem em algumas delas. Fonte: Varíola: a única doença humana erradicada no planeta - Invivo (fiocruz.br), 2022.


Em 1906, dois anos depois, ocorreu a revogação da lei e o controle da Revolta. Nesse período, o número de mortes causadas pela varíola despencou para nove casos. Mas em 1908, uma intensa epidemia da doença elevou o número para 6.500 casos. Com medo, a população começou a procurar voluntariamente os postos de saúde para se vacinar.

Com o surgimento de uma vacina específica a partir dos anos 60, e graças a vacinação em massa da população até meados dos anos 70, a varíola foi considerada erradicada no Brasil pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1980, e assim, a produção da vacina foi descontinuada.


Prevenção

A varíola pode ser curada espontaneamente com o tempo, na grande maioria dos casos, mas pode ser grave em alguns indivíduos, como crianças, mulheres grávidas ou pessoas imunossuprimidas. Caso a pessoa apresente algum sintoma, recomenda-se o isolamento em local arejado.

Para a proteção de outras pessoas, é necessário o uso de máscara ajustada cobrindo nariz e boca e a lavagem constante e correta das mãos; também não é recomendado compartilhar objetos e alimentos.


Vacina e medicamento aprovados pela ANVISA

Nas últimas semanas, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a liberação da vacina Jynneos/Imvanex contra a varíola dos macacos e o uso emergencial do medicamento Tecovirimat®, um antiviral, no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, a vacina deve chegar ao Brasil a partir deste mês de setembro e serão priorizados, a princípio, profissionais de saúde que estão mais expostos ao vírus. A vacinação em massa da população não é necessária neste momento para a monkeypox. Por enquanto, especialistas recomendam fortemente o controle da disseminação da varíola através da detecção e do diagnóstico precoce de casos, isolamento e rastreamento de contato.

A vacina Jynneos/Imvanex é feita com versões atenuadas (suavizadas) do vírus vaccinia modificado, vírus causador da varíola. O esquema recomendado é de duas doses a serem administradas com quatro semanas de intervalo entre si em pessoas acima de 18 anos de idade.

Já o medicamento antiviral Tecovirimat®, é inibidor da proteína Vp37, essa inibição impede a replicação do vírus, evitando a disseminação no corpo. Desta forma, a gravidade das lesões pode ser minimizada, podendo evitar que o quadro se agrave.

A previsão é de que este medicamento seja distribuído somente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e seu uso seja limitado para pacientes com quadros sintomáticos mais graves, já que a maioria dos casos da doença é leve.

O Tecovirimat® será recomendado quando houver:

  • Lesão grave de edema peniano (parafimose, quando a lesão impede que o paciente recubra a glande peniana);

  • Proctite (lesão no reto);

  • Aparecimento de mais de 200 lesões, o que pode causar infecções bacterianas secundárias;

  • Acometimento de retina.

Apesar das autoridades sanitárias que monitoram os casos estarem alertas, a varíola dos macacos ainda não foi declarada emergência de saúde no Brasil. Não se considera a doença com alto poder de contágio ou transmissão e, pelo menos por enquanto, não há preocupação com uma nova pandemia mundial. Contudo, é importante se proteger sempre e continuar colocando em prática os aprendizados obtidos durante a pandemia da COVID-19, assim você cuida da sua saúde e de todos aqueles perto de você.

A ImunoTera elaborou esta matéria como fonte de informação e curiosidade, estando desassociada de projetos relacionados à varíola dos macacos (monkeypox).


REFERÊNCIAS

Ministério da Saúde. O que é Monkeypox? Publicado em: 03/08/2022. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/variola-dos-macacos/o-que-e-monkeypox. Acesso em: 30/08/2022.

Instituto Butantan. Varíola dos macacos: sintomas, transmissão, origem e número de casos são atualizados pela OMS. Publicado em: 23/05/2022. Disponível em: https://butantan.gov.br/noticias/variola-dos-macacos-sintomas-transmissao-origem-e-numero-de-casos-sao-atualizados-pela-oms. Acesso em: 30/08/2022.

GRANCHI, G. Vacina e remédio contra varíola dos macacos são aprovados no Brasil; entenda como vai funcionar. Publicado em: 26/08/2022. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-62695029. Acesso em: 30/08/2022.

Instituto Butantan. Há mais de 100 anos, Revolta da Vacina foi marcada por mortes, estado de sítio e fake News. Publicado em: 05/11/2021. Disponível em: https://butantan.gov.br/noticias/ha-mais-de-100-anos-revolta-da-vacina-foi-marcada-por-mortes-estado-de-sitio-e-fake-news. Acesso em: 30/08/2022.

AGÊNCIA Fiocruz de Notícias (AFN). Monkeypox - Perguntas e Respostas: Vacina. Publicado em: 10/08/2022. Disponível em: https://portal.fiocruz.br/noticia/monkeypox-perguntas-e-respostas-vacina. Acesso em: 02/09/2022.

SANTOS, T. INVIVO. Varíola: a única doença humana erradicada no planeta. Publicado em: 30/08/2022. Disponível em: http://www.invivo.fiocruz.br/saude/variola-erradicacao/. Acesso em: 02/09/2022.

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