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Novas perspectivas no tratamento do câncer causado por HPV

Atualizado: 22 de dez. de 2021

Os atuais tratamentos para HPV disponíveis no Brasil e a importância de novas terapias combinadas.

Atualmente, existem algumas formas de prevenir a infecção causada pelo papilomavírus humano (HPV). Este vírus é o responsável pelo câncer do colo do útero, considerado o quarto tipo mais frequente de câncer no mundo e a terceira maior causa de morte por câncer em mulheres (1). Está disponível hoje no Brasil gratuitamente pelo SUS, a vacina quadrivalente do HPV, que protege contra os 4 tipos mais comuns do vírus (6, 11, 16 e 18) e pode ser administrada em meninos e meninas de 9 a 14 anos, em homens e mulheres de 9 a 26 anos vivendo com HIV ou AIDS, pacientes que receberam transplante de órgãos, de medula óssea e pessoas em tratamento contra o câncer. Em 2021 mulheres imunossuprimidas de 26 a 45 anos também foram incluídas (2).

Entretanto, para pessoas que já entraram em contato com o HPV ou que já desenvolveram doenças associadas a este vírus, como por exemplo lesões pré-cancerígenas ou câncer no colo do útero, na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca, os métodos preventivos já não são igualmente eficazes. A prevenção também pode ser feita através de exames periódicos, como o Papanicolau, um exame ginecológico de citologia feito em mulheres a partir dos 25 anos com vida sexual ativa, que detecta lesões pré-cancerígenas causadas pela infecção por HPV (3).

Em casos de pessoas que já entraram em contato com o HPV, as principais formas de tratamento são a cirurgia e a quimioterapia, dependendo do estágio de evolução da doença.

O quimioterápico mais utilizado no tratamento de câncer do colo do útero é a cisplatina, que apresenta bons resultados no controle tumoral. Porém, através de estudos científicos, notou-se que altas doses dessa substância podem impactar negativamente as respostas antitumorais, além de induzir efeitos adversos severos. Entende-se com isto, a necessidade da descoberta e utilização de novas estratégias terapêuticas menos invasivas e que gerem uma melhor qualidade de vida para o paciente.

A ImunoTera desenvolveu imunoterapias ativas que são capazes de reprogramar o sistema imune, ensinando o corpo a “enxergar” o câncer e a combatê-lo de forma específica, sem prejudicar células saudáveis. Essas imunoterapias são, na verdade, vacinas terapêuticas, administradas por meio de duas doses, que geram uma resposta imunológica de células T altamente especializadas em matar células infectadas ou células cancerígenas.

No trabalho recentemente publicado no International Journal of Biological Sciences, a equipe da ImunoTera explorou a combinação de suas vacinas terapêuticas e a quimioterapia baseada em cisplatina no tratamento de tumores em estágio avançado causados por HPV. No estudo foram utilizados modelos pré-clínicos (em animais de laboratório) de câncer no colo do útero e de orofaringe causados pelo HPV-16. Os resultados mostraram que o tratamento baseado apenas na quimioterapia controlou parcialmente o tumor e desencadeou quadros de alta toxicidade, principalmente nos rins e no fígado. Por outro lado, a associação da quimioterapia com as vacinas terapêuticas da ImunoTera, levou à cura da maioria dos animais que possuíam tumores, com redução da dose de cisplatina e, consequentemente, de seus efeitos tóxicos. Além disso, também foi observada uma resposta imunológica de memória (local e sistêmica) a antígenos associados ao câncer, evitando a recidiva de novos tumores.

Por fim, é possível concluir que o efeito sinérgico desta terapia combinada é promissor para o tratamento do câncer induzido por HPV, e os resultados obtidos poderão servir como base de estudos clínicos com pacientes diagnosticadas com câncer do colo do útero (1).


Referências


1. Bruna Felício Milazzotto Maldonado Porchia, Luana Raposo de Melo Moraes Aps, Ana Carolina Ramos Moreno, Jamile Ramos da Silva, Mariângela de Oliveira Silva, Natiely Silva Sales, Rubens Prince dos Santos Alves, Clarissa Ribeiro Reily Rocha, Matheus Molina Silva, Karine Bitencourt Rodrigues, Tácita Borges Barros, Roberta Liberato Pagni, Patrícia da Cruz Souza, Mariana de Oliveira Diniz, Luís Carlos de Souza Ferreira. Active immunization combined with cisplatin confers enhanced therapeutic protection and prevents relapses of HPV-induced tumors at different anatomical sites.



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